Para manter a Saúde Gengival

O que é gengivite?


É a inflamação das gengivas, isto é, uma reação de defesa do organismo frente à contaminação ocasionada por uma coleção de bactérias patogênicas presentes na boca, conhecida como placa bacteriana ou biofilme dental.

É considerado o início de um problema que, se não tratado, pode evoluir para o que os dentistas chamam de doença periodontal. Este é geralmen te o resultado de anos de acúmulo desses microorganismos com aspecto de película pegajosa e incolor, que não é totalmente removida durante a higiene oral. Caso não seja suficiente para barrar o efeito nocivo das bactérias que se prendem na base dos dentes, essa reação inflamatória evolui para uma infecção que vai afetar o osso que suporta os dentes.

Cada dente é circundado pela gengiva que na verdade não está colada a ele, mas sim encostada, deixando um espaço mínimo entre eles, mais ou menos como a gola rolê no pescoço. Numa gengiva saudável esse espaço, chamado sulco gengival, tem de 1 a 3 mm de profundidade.
A medida que as bactérias da placa se acumulam em parte ou na totalidade dessa circunferência em torno dos dentes, a gengiva começa a se destacar da sua raiz, e o sulco torna-se um bolsão de bactérias, passando a ter mais do que 3 milímetros de profundidade. Isso faz com que o acesso a higiene caseira vá se tornando cada vez mais difícil: simplesmente não é possível alcançar a placa na sua profundidade, ocasionando um efeito patológico nas estruturas que suportam os dentes em posição: a doença periodontal.
Então, a doença periodontal é um processo crônico e progressivo que não acontece de repente.
Cada estágio de sua evolução tem um tratamento específico e, como em qualquer doença, se for encarada no início, tem mais chances de cura e reversão para a saúde.

Os tipos mais comuns da doença periodontal doença incluem:

Gengivite.

- Esta forma mais branda de doença periodontal, na qual as gengivas ficam vermelhas e inchadas. Sangram ocasionalmente, ou sempre que ocorre higiene oral.

Periodontite crônica.

- É o resultado da gengivite não tratada, em que a inflamação se espalha, causando uma gradual perda de inserção do dente no osso, a formação de bolsas, e a recessão gengival. O efeito visível dessa doença é o amolecimento e/ou afastamento das raízes. Isso gradualmente abre espaços entre os dentes, resultando em zonas escuras entre eles, afetando diretamente a estética do sorriso.

Periodontite Agressiva.

- Rápida perda de inserção e destruição óssea que ocorre geralmente antes dos 30 anos, e muitas vezes em indivíduos que herdam essa susceptibilidade.

Periodontite com Doença Sistêmica.

- Começando em uma idade jovem, esta ocorre em associação com doença sistêmica como a diabetes, por exemplo.

Periodontite Necrosante.

-Uma infecção que provoca a morte do tecido gengival, dos ligamentos e ossos. Muitas vezes devido a reação a vírus associada à imunodeficiência humana (HIV) e outras desordens da imunidade.

O que causa a gengivite? 

Toda a doença periodontal é causada por a formação da placa bacteriana sobre os dentes. Existem vários fatores de risco que podem contribuir para agravar seus efeitos:

Tabaco: aumenta significativamente o risco de doença periodontal.

Genética: uma tendência familiar afetando até 30% das pessoas, que podem apresentar seis vezes mais chances de desenvolver a periodontite.

Influências hormonais: devido a flutuações dos hormônios femininos (estrogênio e progesterona) durante a puberdade, menstruação, gravidez e menopausa, que tornam as gengivas mais sensíveis e mais suscetíveis à doença.

Stress: prejudica a capacidade de combate a infecção, incluindo a periodontite.

Medicamentos: pode aumentar suscetibilidade à doença periodontal, especialmente contraceptivos orais e drogas para depressão, pressão alta, e doenças do coração.

Apertar ou ranger os dentes: pode provocar tensões sobre os tecidos de suporte dos dentes que já estão debilitados pela infecção.

Má nutrição: podem enfraquecer o seu sistema imunológico, reduzindo a sua capacidade de combater infecções, tais como periodontite.

Doenças Auto-Imunes: interferem com o sistema imunológico que resiste à infecções, incluindo artrite reumatóide, esclerose múltipla, algumas doenças da tireóide, o lúpus, diabetes e HIV.

Transmissão da infecção: envolve contacto próximo com alguém que tenha periodontite, especialmente seu cônjuge ou parceiro.

Quais são os sintomas da doença periodontal?
 
Gengivas saudáveis têm coloração rosa/coral, e na altura das raízes de cada dente têm textura firme e com aspecto de pequenos poros. Entre dois dentes vizinhos possuem uma ponta em forma de triangulo chamado de papila gengival.

Gengivas doentes são avermelhadas, inchadas e brilhantes, e por causa disso a forma da papila gengival fica menos definida.

Os sintomas da periodontite também incluem:

• Sangramento gengival;
• Gengivas sensíveis, vermelhas e inchadas;
• Retração gengival (exposição das raízes);
• Mau hálito crônico;
• Pus ao redor dos dentes e gengivas
• Sensação de dentes amolecidos;
• Alargamento progressivo dos espaços entre os dentes;
• Uma mudança na forma como os dentes se engrenam com a arcada oposta;

Algumas pessoas percebem que às vezes as gengivas sangram quando escovam seus dentes, e que isso não é especialmente doloroso. Mulheres que nunca observaram isso acontecer, mas que ao ficarem grávidas notaram modificações nas gengivas, que se tornaram inchadas, vermelhas e que sangram ao menor toque, devem dar especial atenção a sua saúde oral, bem como a do seu bebê.

Muitas pessoas que deixaram de ir ao dentista por muito tempo ficam assustadas quando de repente recebem a noticia que têm bolsas periodontais, infecção gengival generalizada, perda de osso de suporte, e que precisam de cirurgias periodontais para tentar reverter o quadro patológico.

Mais uma vez a velho ditado de que é melhor prevenir do que remediar, se mostra como uma grande verdade!

Em qualquer caso, a gengivite, um problema que você compartilha com muitas mulheres.

O Que Devemos Saber Sobre a Doença Gengival nas Mulheres?

O texto abaixo é baseado em materias provenientes da Academia Americana de Periodontia (http://www.perio.org/ consumer/ index.html), Floss.com (http://www.floss.com/default.htm), e ao Projeto de Parto Prematuro/doença gengival (http://www.periobirth.com/).

As mulheres são mais vulneráveis à doença gengival? 

Mulheres e homens são suscetíveis à doença gengival de acordo com os fatores de risco citados anteriormente. Embora as mulheres tendam a apresentar melhor prática de higiene oral do que os homens, as flutuações de estrogênio e progesterona aumentam o risco da manifestação da doença periodontal em certos momentos, que podem diminuir a vantagem de suas boas práticas de higiene oral.

Pelo menos 23% das mulheres com idade entre 30-54 anos, apresentam periodontite com ativa destruição dos tecidos de suporte, e 44% das mulheres que ainda têm os dentes depois dos 55 anos também têm doença periodontal.

Puberdade.

Altos níveis de progesterona, progesterona e estrogênio aumentam o fluxo sanguíneo gengival, aumentando sua sensibilidade e reação a substâncias irritantes tais como as partículas de alimentos e a placa bacteriana. Esses problemas geralmente diminuem ao final do período adolescente.

Menstruação.

A gengivite pode se manifestar de forma especial no período que antecede a menstruação, assim como feridas podem se desenvolver no interior das bochechas. Estes sintomas desaparecem quando a menstruação começa.

Contraceptivos orais.

Pílulas contraceptivas provocam um efeito semelhante à gravidez no corpo, e o aumento dos níveis de hormônios pode tornar as gengivas inchadas e sensíveis. Alguns antibióticos eventualmente utilizados para tratar a periodontite podem diminuir a eficácia dos contraceptivos, e deve-se discutir a escolha de qualquer medicação com o obstetra/ginecologista.

Gravidez.

As alterações hormonais da gravidez tornam a mulher muito mais suscetível à doença periodontal. Muitas mulheres experimentam a chamada gengivite gravídica a partir do segundo ou terceiro mês, que pode se agravar até o oitavo mês. Sintomas incluem inchaço, sangramento, vermelhidão e hipersensibilidade.

A forte reação a um irritante pode levar à formação de um grande nódulo ou tumor gravídico nas gengivas que não são cancerosos ou dolorosos, mas podem exigir cirurgia para a sua remoção. Na maioria dos casos, esses efeitos gengivais melhoram após o parto.

Um aspecto mais grave da doença gengival durante a gravidez é o risco aumentado de partos prematuros e baixo peso dos bebês, que pode gerar grandes problemas médicos. Mulheres com periodontite podem ser até sete vezes mais propensas a partos prematuros, numa relação direta da quantidade de áreas gengivais afetadas com a maior probabilidade do parto antes da hora.

Isso pode ocorrer porque as infecções causam a organismo a produzir prostaglandinas, que também dão o sinal ao corpo para começar o trabalho de parto. Se a mulher planeja engravidar, deve passar por um exame periodontal completo; se já estiver grávida e ocorrer sintomas da periodontite, ela deve ser tratada durante o segundo trimestre.

Menopausa.

Mulheres neste período da vida podem experimentar sensações como boca seca, dor e queimação das gengivas, que atingem seu pico pela manhã e à noite, prejudicando o sono. A gengiva pode ter uma aparência seca ou brilhante, sangra com facilidade, e ser tanto anormalmente rosa pálido quanto ou vermelho escuro.

A perda de osso de suporte e dos dentes muitas vezes andam de mãos dadas com a periodontite na pós-menopausa e a osteoporose. Na verdade, se ocorrer a osteoporose, o risco de doença periodontal aumenta em 86%. (A maior causa de perda dentária em mulheres depois dos 35 anos). A presença da periodontite após a menopausa igualmente sugere um aumento do risco de osteoporose e da necessidade de exames de densitometria óssea.

Como a gengivite pode ser tratada?

Dependendo da gravidade, o tratamento pode ser não-cirúrgico ou cirúrgico, e é muitas vezes acompanhado da administração de antibióticos.

Opções incluem:

 
Para a gengivite inicial, boas práticas de higiene oral, com escova e fio dental, seguindo a técnica recomendada pelo dentista, que devem ser exaustivamente executadas.

Alisamento radicular.

Quando o acesso dos meios caseiros de higiene não é suficiente, o dentista usará alguns instrumentos específicos para que a raiz do dente doente seja raspada até que seja limpa e fique livre de bactérias. A partir daí, um controle periódico deve ser feito rigorosamente pelo dentista/periodontista que, de acordo com o comprometimento do paciente para implementar a higiene oral de forma eficaz, programará as revisões necessárias para que não ocorra a re-infecção.

Cirurgia Gengival.

Procedimentos mais intensos para a eliminação de bolsas periodontais que não podem ser removidas apenas com alisamento radicular.

Redução da profundidade da bolsa periodontal.

O sulco gengival que com a infecção se tornou uma bolsa, uma vez tratada, volta a ter pouca profundidade, facilitando a higiene caseira. Para isso, o dentista realiza uma cirurgia plástica gengival depois da remoção das bactérias que causavam a infecção.

Procedimentos regenerativos.

O tecido gengival é cirurgicamente manipulado após a remoção das bactérias, e com auxilio de membranas especiais que funcionam como filtros de cicatrização, enxertos ósseos, e/ou proteínas estimulantes da cicatrização são aplicadas com a intenção de regenerar os tecido gengival e o osso de suporte.

Os enxertos de tecidos moles.

As gengivas também podem ser enxertadas em regiões onde estão faltando. Áreas doadoras como o palato (céu da boca), ou de outras superfícies orais podem preencher defeitos deixados pela retração gengival, prevenindo recessões adicionais e a perda óssea.

Há algo que se possa fazer para prevenção de doenças na gengiva?
 
A periodontite é uma "doença silenciosa” e pode-se não perceber que está presente, até que ela se torne muito avançada. No entanto, podem-se tomar medidas em cada fase da vida para a máxima proteção da saúde oral. Isto inclui cuidados caseiros aos dentes e gengivas, com escovação diária e uso do fio dental, bem como de uma alimentação saudável.

Pesquisas mostram que a terapia de reposição de estrógeno (TRE) ou estrogênio/progestina (TRH) na menopausa podem reduzir o risco de perda dentária em mulheres em cerca de 25%. Muitas mulheres são relutantes em considerar a terapia de reposição hormonal por causa da recente publicidade sobre sua potencial relação com o câncer de mama, mas deve-se salientar que esta associação refere-se apenas com a preparação de certos hormônios.

Muitas formulações alternativas estão disponíveis, devendo-se questionar o médico sobre as opções de segurança que se adéquam as necessidades individuais. Além disso, deve-se certificar de informar ao dentista sobre todos os medicamentos que estão sendo tomados assim como qualquer alteração recente das condições de saúde.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa esse artigo me deixou muito bem informada sobre este problema!!!!! Parabéns peli texto!!!!!